As novelas de Cavalaria

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Escrito por Flávia Leite

6 de dezembro de 2020

“[…] com ‘Novelas ejemplares’, nos brindou com um dos mais belos volumes de contos de toda literatura universal. Nessas curtas histórias de caráter moral Cervantes deixa um verdadeiro testamento de toda sua melancólica sabedoria de vida.”  (SILVA, R. R.)

As obras que são classificadas em língua portuguesa como romance são, em espanhol, novelas. No contexto literário espanhol, o vocábulo romanz ou romance se refere a qualquer obra escrita em linguagem vulgar.

Dos vários gêneros literários que se configuram no Trovadorismo e o Humanismo, foram as novelas de cavalaria que tiveram êxito na literatura da Idade Média, não somente pelo conteúdo fantástico,  das incríveis façanhas de seus protagonistas, mas também por serem heróis guerreiros dotados de virtudes cristãs.

Apesar de serem classificadas como narrativas de ficção, a verossimilhança contidas em suas histórias fazem delas muito reais, especialmente, por tratarem de temas históricos, especialmente dos cavaleiros encapuzados, que simbolizam  a figura máxima da fé cristã.

Provavelmente oriundas da França e Inglaterra, as novelas de cavalaria é um gênero em prosa que narra as aventuras dos cavaleiros, valentes, que exaltam seu soberano e defendem os fracos.

Esses guerreiros estavam de acordo com os padrões religiosos da Igreja Católica; eram castos, fieis e dedicados, capazes dos maiores sacrifícios em defesa honra cristã.

Novelas de cavalaria: variações de um só enredo

Trata-se de um gênero que põe em perspectivas as vitórias gloriosas de um herói sobre os opressores dos desvalidos.

E essa luta do bem contra o mal atravessou séculos. Os ideias  desses cavaleiros chegaram em muitos países da Europa – França, Portugal, Grã-Bretanha, Alemanha, Espanha, entre outros.

A fim de que o heróis pudesse viver suas vicissitudes, havia também as ocorrências do fantástico e do maravilhoso. Era preciso combater monstros, espíritos ruins e até mesmo gigantes. O real e o figurativo se fundiam.

Todos os personagens – cavaleiros, donzelas, como bruxas, magos, dragões, monstros, espíritos ruins e até mesmo gigantes se fundiam entre o real e o figurativo.

Os elementos não-cristãos eram importantes para a urdidura da narrativa. De pequenos  coadjuvantes, completamente à margem da estrutura narrativa, se constituíam muitas vezes como fio condutor.

Mas havia um elemento de grande importância nas novelas de cavalaria: a mulher. A presença bela, pura e boa da figura  feminina edifica a estrutura da narrativa. Além do mais, a mulher era indispensável ao cavaleiro, uma vez que suas verdadeiras façanhas só se realizavam em razão da doce figura feminina que o aguardava.

Miguel de Cervantes, As Novelas Exemplares

A explicação  do nome “exemplares” fica a cargo do próprio escritor, Miguel de Cervantes que assim escreve em seu prólogo:“Mi intención era colocar una mesa de billar en la plaza de nuestra república, donde todos puedan divertirse, sin perjuicio de los zapadores; quiero decir sin perjuicio del alma ni del cuerpo, porque los ejercicios honestos y placenteros son más beneficiosos que perjudiciales” […] “Si de alguna manera me di cuenta de que la lección de estas novelas puede inducir a cualquiera que las lea a algún mal deseo o pensamiento, preferiría cortarme la mano con la que las escribí que entregárselas al público.”

Escritas entre os anos de 1590/1612 e publicadas em 1613, receberam o adjetivo “exemplares”, pelo realce dos bons ensinamentos, como  honestidade, honra e coragem.

As Novelas Exemplares são compostas por doze contos:

“La gitanilla”,

“El amante liberal”,

“Rinconete y Cortadillo”,

“La española inglesa”,

“El licenciado Vidriera”,

“La fuerza de la sangre”,

“El celoso estremeño”, “La ilustre fregona”,

“Las dos doncellas”,

“La señora Cornelia”,

“El casamiento engañoso” e

“Coloquio de los perros”.

Embora tenham sido publicadas no século XVII, os ensinamentos são sobremaneira atuais e essenciais. Unindo real e imaginário, as personagens de Cervantes  fazem o leitor refletir sobre suas atitudes e escolhas.

Cervantes, mais conhecido como autor de Dom Quixote, escreveu algumas peças teatrais e muitos poemas.

Neste breve livro, críticos literários consideram alguns contos como obra-prima, ao considerar “a profundeza na análise dos caracteres humanos, a mesma percuciência na crítica aos costumes da época, a mesma observação magistral dos pequenos (e grandes) ridículos desta humanidade. Páginas de um gênio. Apesar da intenção moralizante do título, as Novelas exemplares não visam qualquer objetivo religioso ou simplesmente moral. É verdade que Cervantes nos previne dizendo que “no hay ninguna de que no se pueda sacar un ejemplo provechoso”. (Barbosa, Cavalheiro).

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